Postado por Em 02:38 Com Comentarios

Tinha Tomás treze anos de idade, e freqüentava uma escola da missão localizada no sopé dos montes Himalaia, ao norte da Índia. Era inverno, e havia neve por toda parte, cobrindo florestas, campos e veredas com grosso lençol branco.

Uma tarde, depois da reunião na capela da missão, pediram a Tomás que acompanhasse uma senhora idosa que voltava ao lar, cuidando de que chegasse sã e salva ao destino. Isto significava uma caminhada de cinco quilômetros através da neve. Parecia longa a jornada, pois naturalmente a idosa senhora não podia andar muito depressa. Finalmente, contudo, os dois chegaram seguros à casa da anciã, e Tomás voltou para a escola.

Então começou a notar que já era bem tarde. O sol estava preste a se esconder, e logo escurecia. De repente lembrou-se dos leopardos da neve e começou a correr. Se havia uma coisa que desejava evitar, era encontrar-se com um destes animais selvagens depois do escurecer.

Diferente do leopardo comum, de pêlo pardo e manchas pretas, o leopardo da neve tem pêlo acinzentado e manchas vermelho-pardas. É fera horripilante e difícil de ver contra a neve, sendo perigosa quando faminta ou molestada. No inverno, descem dos planaltos, procurando alimento até nos lugares povoados. Seus rastos sempre eram vistos na floresta que ficava perto da missão, e que agora estava entre Tomás e a casa.

De modo que correu, mas não tão depressa como gostaria. Dentro de pouco tempo escureceu por completo. Entrou na floresta. Decorridos poucos minutos percebeu que era seguido. Voltando-se, viu um par de olhos fitos nele, brilhando na escuridão. Era um leopardo da neve. Ousadamente marchou para o animal, que se desviou do caminho.

Aí foi que Tomás começou a orar como nunca dantes. Orava, enquanto corria. Então viu novamente os olhos. Tomás correu novamente até pressentir que o leopardo estava mais perto. Parou; fitou-o nos olhos e correu novamente. Durante todo o tempo estava orando por auxílio.

O leopardo da neve estava agora bem perto. ...

Justamente aí chegou a uma encruzilhada no caminho. Um trilho desviava-se para a esquerda; o outro, através de um trilho bem íngreme, levava à porta dos fundos da escola da missão. Qual seguiria, com o leopardo tão perto de si?

Nesse momento alguma coisa atravessou o trilho correndo, bem na sua frente. Parecia-lhe ser um homem, mas na escuridão da mata não podia dizer quem ou o que era. Mas pensou que isso confundiria o leopardo, e que ele perderia a pista. E tinha razão.

Quando o estranho passou para um lado, ele seguiu para o outro, subindo a toda o curto atalho em busca de segurança.

Encontrei-me com Tomás um dia destes. Disse-me ele que, apesar de se terem passado vinte e cinco anos desde aquela terrível noite, nunca deixou de agradecer a Deus por livrá-lo do leopardo da neve.

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